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Jogos narrativos em risco: por que uma associação nacional não pode mais esperar

Por que a indústria de jogos narrativos precisa de uma associação — agora


Com a recente minuta de portaria de Classificação Indicativa publicada pelo Ministério da Justiça em 16 de abril de 2025, um sinal de alerta foi disparado em toda a comunidade brasileira de RPG . A proposta inclui, pela primeira vez, os RPGs físicos e digitais entre as obras sujeitas a classificação indicativa prévia, com exigências duras que ameaçam diretamente o modelo de produção e distribuição que sustenta a cena nacional.

Não é exagero dizer que, se aprovada como está, essa medida poderá inviabilizar dezenas — talvez centenas — de projetos independentes.

Tiragens sob demanda, financiamentos coletivos e lançamentos internacionais esbarrariam em custos elevados, prazos incompatíveis e insegurança regulatória. Editoras menores — aquelas que são a espinha dorsal da diversidade no setor — seriam as primeiras a cair.


Falta de Representação, Falta de Voz

O que este episódio evidencia, no entanto, vai além da minuta em si: revela uma lacuna institucional grave. O setor de jogos narrativos, RPGs e boardgames no Brasil não tem uma entidade representativa nacional com capacidade de advocacy — ou seja, com legitimidade para negociar, dialogar e influenciar as decisões regulatórias que nos afetam.

Enquanto isso, outras indústrias culturais e criativas — como o cinema, a literatura e os jogos eletrônicos — já possuem associações, sindicatos, conselhos e grupos de pressão articulados com o Estado. Nós, não.

Sem essa ponte, ficamos à margem das decisões que moldam nosso presente e futuro. E quando somos finalmente notados, é como alvo de proibições, censura ou regulamentações mal calibradas.


Uma Associação Para Defender o Setor

Está na hora de mudar isso.

Propomos a criação de uma Associação Brasileira de Jogos Narrativos e de Tabuleiro (ABJNT) com pelo menos três funções centrais:

  1. Representação institucional e jurídica: Interlocução com o Estado, órgãos reguladores, entidades de cultura, educação e tecnologia.

  2. Articulação entre editoras, autores, jogadores e eventos: Unificação de pautas, mapeamento de demandas, construção de consensos.

  3. Advocacy e mobilização estratégica: Acompanhamento de projetos de lei, portarias, consultas públicas — com capacidade de produzir pareceres, petições e campanhas.

Além disso, a associação poderia fomentar parcerias com o setor educacional, atuar junto a incubadoras culturais e reforçar a legitimidade do RPG e dos jogos de mesa como expressões culturais e educativas, não apenas entretenimento.


O Tempo é Agora

A consulta pública da minuta de Classificação Indicativa vai até 15 de junho. Se nada for feito, o texto será aprovado com poucos ajustes — como ocorreu com a Portaria nº 502/2021. É possível comentar (https://www.gov.br/participamaisbrasil/consulta-publica-para-proposta-de-nova-portaria-da-politica-de-classificacao-indicativa)

É necessário comentar, sim. Mas é igualmente necessário organizar-se institucionalmente. O Estado não dialoga com fragmentos. Dialoga com entidades.

Que esta ameaça seja o ponto de virada. Que o susto se converta em ação coletiva.

Porque não se trata apenas da sobrevivência de títulos ou editoras, mas do direito de criar, imaginar e contar histórias em um país que precisa urgentemente de mais imaginação — e não de mais censura.


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